Você já parou para refletir sobre as dinâmicas complexas que regem as relações familiares? É pensando nisso que a Constelação Familiar vem e nos oferece um olhar profundamente humano sobre os laços que nos unem, ao mergulhar em histórias emocionais e conflitos familiares.
Essa abordagem terapêutica nos convida a descobrir raízes ocultas e a reconstruir pontes perdidas, proporcionando um caminho poderoso para a cura e a reconciliação. Quer saber mais sobre essa terapia alternativa que vem ganhando destaque nas redes sociais? Então, continue comigo.
O que é a Constelação Familiar?
Antes de mais nada é importante que a gente entenda o que é a Constelação Familiar. Ela é uma “terapia” que propõe resolver conflitos e traumas nas relações humanas através da compreensão de 3 “leis sistêmicas” postuladas em sua teoria:
- Lei do Pertencimento – Todos têm direito a pertencer a uma família;
- Hierarquia – Cada um tem seu papel, e quem veio antes tem prioridade;
- Equilíbrio – Toda troca nos relacionamentos devem ser equilibradas.
De acordo com ela, a relação da pessoa com seu núcleo familiar, sua ancestralidade e o vínculo com os antepassados são fundamentais em todos os seus conflitos.
Como são as sessões?
Ela pode ser feita individualmente ou em grupo. Quando em grupo o “paciente” (constelando) escolhe quem irá representar quem, seja familiar, problema e ele mesmo, numa mistura de teatro de improviso com re-encenação, guiadas pelo “terapeuta” (constelador).
O “paciente” somente senta e assiste, sem interferência, e depois é levado a uma reflexão com algumas conclusões, inclusive expressando-as em voz alta.
A abordagem sensível
A técnica procura não apenas tratar os sintomas imediatos, mas também investigar as raízes subjacentes dos problemas. Ela encoraja os participantes a explorar as conexões emocionais profundas entre si e a descobrir maneiras de restaurar o equilíbrio e a harmonia na família.
Pisando em ovos: Os problemas com a Constelação Familiar
Agora que você já entendeu o conceito, vamos ao que interessa: por que tanta gente está falando mal dessa técnica?
A família idealizada
Primeiro, o método parte de uma visão muito restrita do que seria uma “família ideal” e qualquer composição que não se encaixa nesse molde já é vista como “problemática”.
Ela ignora as diferenças culturais, sociais e até religiosas. Mas, tem um viés pior: a constelação traz uma visão bem antiquada do valor de cada membro em um núcleo familiar, sendo que todos têm um papel determinado, como o pai, o homem, geralmente tem um valor maior, e a mulher e os filhos são naturalmente subordinados.

Relativismo e revitimização emocional
Ainda levando em consideração os motivos anteriores, a abordagem da Constelação sobre assuntos delicados ou sensíveis é no mínimo alarmante. Muitas vezes ela relativiza situações de abuso, violência, incesto e outra condições para que estes se encaixem em sua teorias. Isso leva vítimas de violência a reviver seus episódios de trauma sem sequer uma avaliação prévia do impacto disso por um profissional de saúde capacitado.
Falta de profissionalismo
Em relação à especialização do profissional de constelação familiar, a qualidade e a experiência do facilitador ou terapeuta podem variar. Dessa forma, pode levar a interpretações inadequadas ou aconselhamento inapropriado, resultando em resultados negativos.
E mesmo para aqueles que alegam que ela é uma prática complementar, o princípio básico de qualquer uma é não causar dano, e existem diversos relatos disso, desde pioras de sintomas depressivos ou de ansiedade após sessões, inclusive com relatos até de suicídio.
Aumento da tensão familiar
Em certos contextos, a abordagem da Constelação Familiar pode criar tensões adicionais entre os membros da família, especialmente se não forem abordadas com sensibilidade e compaixão.
Mas, o pior de tudo: comprovação científica
É simples: a Constelação Familiar não tem comprovação científica. Ou seja, ela não poderia ser aplicada como forma de psicoterapia, pois nenhuma das suas alegações (seja suas leis e teorias) ou possíveis resultados (resolução de conflitos, traumas e etc.) pode ser comprovada.
Inclusive, tem uma nota técnica oficial, a CFP nº 1/2023, destaca incongruências éticas e de conduta profissional no uso da Constelação Familiar enquanto método ou técnica da Psicologia, que ele fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as diretrizes normativas sobre gênero e sexualidade consolidadas pelo CFP.
A nota também reforça que as sessões podem causar emergência de sofrimento ou desorganização psíquica, e que os terapeutas não possuem conhecimento técnico para o manejo desses estados.
No fim das contas, o recado é simples: cuidado por onde anda e com quem compartilha seus traumas e problemas. Saúde mental é coisa séria e merece toda nossa atenção e respeito.
Por isso, sempre procure ajuda de um profissional realmente credenciado. Mas, e você, já ouviu falar ou teve alguma experiência com a Constelação Familiar? Deixa aqui nos comentários!